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domingo, 14 de abril de 2019

HOMEM MORCEGO? NÃO, NÃO É O BATMAN

Daniel Kish cria mapa sonoro em sua mente a partir da 'resposta' que obtém dos objetos e corpos ao redor.



Americano ficou cego ainda bebê e se orienta com
estalos na língua, em um tipo de sonar (Foto: BBC)

Daniel Kish é completamente cego desde que era bebê, mas isso não o impediu de levar uma vida incrivelmente ativa, que inclui a prática de trilhas e mountain bike.

Para fazer tudo isso, ele desenvolveu uma forma de ecolocalização humana utilizando ondas sonoras para construir um retrato mental do que o cerca.

O método envolve estalar a língua contra o céu de sua boca. Quando Daniel Kish estala a língua, o mundo "responde".

Carros, árvores, portas, postes na calçada, tudo é identificado e mapeado em seu cérebro, usando informações obtidas a partir do som que ecoa de uma série de estaladas da língua, o que ele faz duas ou três vezes por segundo.

Desde a infância, o jovem californiano desenvolveu uma espécie de técnica de sonar que permitiu que ele se locomovesse recorrendo à repetição de estaladas da língua. Essa técnica fez com que ele ficasse conhecido como ''homem-morcego'', um apelido que ele aprecia.

''É o mesmo processo usado por morcegos'', afirma. ''Você envia um som ou uma chamada, e ondas sonoras são ondas físicas, elas rebatem em superfícies", explica.

''Assim, se uma pessoa está estalando a língua e ouvindo as superfícies ao seu redor, é capaz de ter um senso instantâneo da posição dessas superfícies.''


Definindo formas
Os ecos são provenientes das estaladas de Kish e oferecem informações sobre a distância, o tamanho, a textura e a densidade de um objeto. É o suficiente para que ele possa distinguir, por exemplo, uma grade de metal de uma grade de madeira.

''Não é que eu seja capaz de diferenciar o metal da madeira, mas posso diferenciar a composição dessas estruturas. Por exemplo, uma cerca de madeira costuma ter uma estrutura mais espessa que uma estrutura de metal e, quando a área é muito silenciosa, a madeira tende a refletir um som mais vívido que o som do metal'', diz.

Além de servir para que Kish se guie e pratique esportes, ele diz que a técnica lhe permite apreciar a beleza das coisas ao redor.

''É possível obter um senso de beleza ou aridez ou do que quer que seja a partir do som, bem como do eco. Mesmo a arquitetura tem alguma distinção. É possível estalar a língua em direção a um prédio, por exemplo, e ouvir de volta se ele é ornamentado ou não", afirma.

Em 2011, uma equipe de cientistas do Canadá escaneou cérebros de dois voluntários cegos que se diziam capazes de realizar a ecolocalização e de outras duas pessoas que enxergavam e não tinham esse mesmo dom.

Durante o teste, os participantes ouviram duas gravações – uma contendo ecos e outras em que eles foram retirados.

Cérebros ativos
Os escâneres dos cérebros dos participantes cegos revelaram atividades no sulco calcarino, parte associada ao processo de visão, mas apenas no caso deles.

Nenhuma atividade especial foi notada no córtex auditivo desses participantes. Um dos cientistas, Lore Thaler, afirmou: "Não sabemos exatamente o que eles estão vendo, mas eles seguramente estão usando a parte do cérebro que as pessoas com visão usam para enxergar".

Kish agora dedica boa parte de seu tempo a treinar outras pessoas nessa técnica, que ele chama de Flash Sonar. Mais de 500 estudantes em pelo menos 25 países já fizeramo curso, que é oferecido por uma organização sem fins lucrativos chamada World Access for the Blind (Acesso Mundial para os Cegos).



FONTE:http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2012/09/homem-morcego-cego-estala-lingua-para-se-locomover.html

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